domingo, 19 de julho de 2009

As várias variáveis do Twitter


O jornalismo passa por diversas discussões na atualidade no âmbito do seu modelo de negócios, da relação com a audiência, das grades curriculares dos cursos, da formação profissional. O background desta discussão decorre da emergência das tecnologias digitais, do processo de convergência e da comunicação móvel. Alguns visualizam como uma crise, outros como novas oportunidades. O importante a observar é que, de fato, há mudanças significativas na prática jornalística associadas a fenômenos emergentes impactando o modo de fazer, o modo de consumir e o modo de compartilhar notícias (nos seus diversos formatos). Qualquer que seja o ângulo identificaremos tensões no campo do jornalismo e na indústria do entretenimento.

Os microblogs, essencialmente o Twitter, têm sido um dos desencadeadores destas reconfigurações. Como o jornalismo está se adaptando e explorando estas potencialidades? Como fica a relação com a fonte quando esta lança primeiro no Twitter as informações exclusivas? É perceptível a adoção rápida desta ferramenta nos mais diversos segmentos (políticos, artistas, acadêmicos, esportistas, mídia....) e isto transforma as relações não somente entre o público, mas também com a mídia. Técnicos e dirigentes de times de futebol anunciam as informações de impacto dos seus clubes no Twitter; políticos disparam no microblog as notícias parlamentares e de votações relevantes; os usuários divulgam suas críticas positivas ou negativas de filmes e outros serviços no Twitter. Enfim, há uma infinidade de usos que transforma esta ferramenta numa poderosa rede social (e móvel) que faz circular instantaneamente um conjunto de dados que abre possibilidades de utilização inimaginável para o jornalismo, para as empresas e paraos usuários.

A influência do microblog pode ser medida por dois textos publicados esta semana: Estúdios tentam amenizar efeito do Twitter sobre bilheterias e Twitter pressiona uma mudança no foco da atividade jornalística. Ou seja: já é possível falar em mudanças nos dois setores que mais reclamam do "estrago" causado pelas mídias digitais: a indústria do entretenimento, que tenta brecar o download de músicas e filmes, mas não apresenta modelos alternativos; e do jornalismo, que atrela a crise dos jornais às novas formas de consumo de notícias.
Sem sombra de dúvidas estamos diante de um cenário que se tornou um campo fértil para pesquisas acadêmicas. E estas aumentam consideravelmente em todos os níveis: graduação, mestrado, doutorado permitindo observações as mais variadas. No livro "Blogs.com - estudos sobre blogs e comunicação" (organizado por @adriamaral, @raquelrecuero e @sandramontardo) escrevi o artigo Moblogs e Microblogs: Jornalismo e Mobilidade em que enquadrava este fenômeno do Twitter a partir da pespectiva da comunicação móvel à medida que possibilita uma atualização ou visualização através de dispositivos móveis amplificando o poder da rede e sua incorporação na rotina jornalística. A ampliação desta discussão poderá ser encontrada em breve no livro "Metamorfose jornalística 2: a reconfiguração da forma", que organizei com o amigo @dsoster, e será publicado no final do ano com a análise destas mudanças no jornalismo a partir de diversas perspectivas de análise.

Portanto, torna-se imprenscindível novos olhares sobre a superfície do jornalismo para endereçar questões de pesquisa que possam problematizar os fenômenos que orbitam em torno destas discussões.

4 comentários:

Danilo Egle disse...

Gostei do texto Fernando. Acredito que o twitter como ferramenta de comunicação ainda vai nos mostrar muito. Temo que os boatos também ganhem força, assim como as notícias ou "furos" que são informados nessa rede.

Até breve! Sigo acompanhando seu blog!

Adriana Amaral disse...

muito bom texto!

Adriana Amaral disse...

muito bom o texto Fernando!

Fernando Firmino da Silva disse...

Olá Danilo e Adriana muito obrigado pelos comentários. Esta discussão rende muito ainda e está em movimento.

valeu