Na edição atual do nosso podcast Tecnodesign temos uma entrevista com Cremilda Medina, jornalista, pesquisadora e professora titular da Escola de Comunicação e Arte da USP, de São Paulo. Ela atua na área jornalística há mais de 40 anos. Fez carreira no Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo, onde ocupou a editoria de artes durante 10 anos. Cremilda Medina é uma das principais pesquisadoras sobre as técnicas de entrevistas e as narrativas jornalísticas da contemporaneidade, tendo escrito onze livros de referência na área, entre eles: “Notícia: um produto a venda”, “Entrevista, o diálogo possível”, “A arte de tecer o presente”, e o mais recente “O signo da relação: Comunicação e pedagogia dos afetos”, lançado em 2006.
A entrevista foi feita pela jornalista Adriana Alves especialmente para o podcast Tecnodesign. Confira abaixo alguns dos trechos da entrevista e escute na íntegra no Tcnodesign. Está bastante interessante porque ela fala sobre as estratégias para uma boa entrevista e sobre as novas ferramentas tecnológicas utilizadas para entrevistas.
Adriana Alves - A notícia na internet difere da notícia do meio impresso devido, principalmente, ao fato de agregar novos recursos à narrativa como hiperlinks, infografia multimídia, áudio, vídeo. Na sua opinião que implicações para a construção da narrativa jornalística a agregação desses novos recursos representam?
Há um facilitismo hoje que diminuiu o encontro dialógico. Acho que estes instrumentos tecnológicos a começar pelo telefone e a terminar pela internet e pelo e-mail são muito ágeis, facilitam um trabalho quando você quer obter informações pontuais. Agora se você quer conhecer uma pessoa, um ambiente, conhecer mais profundamente uma situação, recorrer a internet, ao telefone, como é comum hoje no processo jornalistico, dimuniui a qualidade do trabalho. A relação do repórter ou do jornalista com a realidade, as fontes dessa realidade, com os protagonistas sociais, não é uma relação puramente verbal. A entrevista é averbal e a realidade nos dá outras informações que não são verbais. A observação, o olho do jornalista, os sentidos para perceber o que se passa ali naquele ambiente, naquela situação são fundamentais. E ainda nós não temos ainda uma tecnologia tão inteligente assim que passe o tato, o olfato, nos passe o cheiro paladar das situações que nós vamos descrever, que nós vamos narrar.
Adriana Alves – E como o jornalista lida com essa questão do tempo tendo que fazer, muitas vezes, uma entrevista por email?
É uma situação que devemos ter consciência dos seus limites e não transformá-la na solução para tudo. Pode usar na medida das circunstâncias, das impossibilidades de ir ao vivo, presencialmente, ao encontro, mas não transformar na regra, porque há muitas oportunidades de sair e ir ao encontro presencialmente. É a mesma coisa que a educação, que pode ser a distância, mas ela não dispensa a educação presencial. Se nós adotarmos este modelo pela mania que as tecnologias resolvem, nós ficaremos abaixo dos países desenvolvidos . porque nos modelos de educação dos paises desenvolvidos e de jornalismo , não se eliminou o presencial e a tecnologia também está presente lá. A presença é insubstituível por mais que mesmo que você tenha máquinas que te tragam velozmente, rapidamente informações. Não é suficiente.
Escute no podcast Tecnodesign
fernando f silva
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