quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tecnologias móveis para produção jornalística

Os repórteres, principalmente dos jornais diários, vivem sob a pressão de ter que voltar para a redação para finalizar a matéria. Em algumas situações enquanto os fatos ainda estão se desenvolvendo e, portanto, com riscos de se perder alguma informação ou imagem fundamental para complementar o relato. Tudo isto se deve a questão da pressão do deadline. Com o avanço do desenvolvimento de tecnologias móveis digitais sofisticadas em termos de processamento e de recursos disponíveis em dispositivos como iPhone,Nokia ou notebooks passamos a ter uma estrutura, complementada por tecnologia 3G, que permite ao repórter continuar em campo. É o jornalismo em mobilidade.

Considerando essa estrutura móvel de produção e ainda as redações integradas dentro de um ambiente de convergência, potencializasse a capacidade da apuração, edição e transmissão da notícia (texto ou multimídia) diretamente do local. Neste sentido, o que se tem é um deadline contínuo com o envio de parcias da produção porque o repórter em alguns grupos de comunicação trabalham não mais para um meio específico, mas para multiplataformas. Portanto, isto vai envolver um conhecimento de várias plataformas midiáticas e uma capacidade de produzir conteúdos distintos para distribuição por esses meios diversos.
Desenha-se, assim, um novo perfil de profissional, uma forma de organização das empresas mais convergentes e uma relação mais próxima com a audiência.

Mas como aglutinar ou compatibilizar os interesses múltiplos decorrentes dessa estrutura da empresa de comunicação, dos jornalistas e da audiência???????
Essa produção multiplataforma me parece claro que favore a construção de produtos jornalísticos mais consistentes com desdobramentos de uma história por vários meios (rádio, tv, jornal, internet, celular, tablets) e de forma complementar, de maneira que o público final possa estar, como nunca, informado com um conjunto mais completo de dados.

A questão está no como proceder para a transição para esse modelo que permita que os repórteres não fiquem apenas com acúmulo de múltiplas funções sem um exercício pleno de sua capacidade de pensar, de observar, de produzir com qualidade. O simples fato de disponibilizar de tecnologias móveis e conexões sem fio não significa produção da notícia com qualidade. Mas quando isto é acompanhado de planejamento e estratégias certamente teremos a potencialização da construção da notícia em campo ou até mesmo de transmissões ao vivo oferecido pelo repórter em mobilidade que possa beneficiar a audiência.

O cenário aberto para o jornalismo móvel parece inevitável dentro das empresas jornalísticas diante das multiplataformas e da reestruturação das redações. Algumas experiências já estão em andamento. Compreender esse desenvolvimento é um ponto importante para vislumbrar os modelos, os formatos de notícias e como as rotinas produtivas são afetadas. Para refletir deixo três textos que remetem à questão do uso de tecnologias móveis no jornalismo. Um que trata sobre iPhone para captura, edição e transmissão de videos por repórteres da redação do VC Star; outro sobre como a tecnologia móvel afeta a cobertura local; e por último jornalismo móvel - uma nova tendência nas reportagens.

Abaixo um vídeo de um dos programas de edição de vídeo para iPhone ReelDirector, que pode ser utilizado em campo para a edição de reportagens para televisão ou portais.


3 comentários:

Anelise disse...

Muito legais suas ponderações. Republiquei no meu blog, ok?

Abraço,
Anelise

Demétrio de Azeredo Soster disse...

Concordo. Quer me parecer que estejamos diante de um problema principalmente de matriz cultural. Ou seja, as organizações até compreendem, em maior ou menor grau, as inovações, mas usualmente como forma de potencialização de imagem frente ao mercado, haja vista o uso que fazem delas, pueril. Vejamos o que ocorre no Rio Grande do Sul: Zero Hora, que é o jornal que tem se mostrado mais sensível ao binômio implantação/uso das novas ferramentas, não está dando conta do humano dessa relação. Ou seja, produção pesada, em mais de um dispositivo, para o mesmo número (ou menos) de jornalistas. Acredito que, com o tempo, essa realidade muda; não que se torne ideal, mas diferente do que está hoje.

Fernando Firmino da Silva disse...

Verdade, Demétrio. O uso de tecnologias móveis para multiplataformas pode ser algo positivo, inovador. Mas há necessidade de ajustes na condução dos projetos sob essa base para que o produto notícia não seja comprometido e, principalmente, os jornalistas desenvolvam o trabalho dentro de uma rotina compatível com suas condições. Jornalismo em mobilidade não pode ser compreendido como jornalismo em quantidade. Pelo contrário: a instauração da qualidade através de um trabalho estrategicamente pensado.